Mali: Guerra no Deserto

Dois países africanos, a República Centro-Africana e o Mali, estiveram no centro das atenções em janeiro devido essencialmente a intervenções militares estrangeiras – africana num caso, liderada pela França no outro – contra rebeliões armadas que ameaçavam diretamente as respetivas capitais, Bangui e Bamako. Estas intervenções estão em curso, com sucessos e consequências ainda em larga medida imprevisíveis. Mas através destas duas crises é possível vislumbrar o esboço de uma nova filosofia para a gestão dos conflitos em África: a da «assistência a Estados em perigo» que foi, durante anos, eclipsada pelo controverso «dever de proteger populações civis» alegadamente ameaçadas pelos seus governantes. No Mali como na República Centro-Africana, em janeiro, os exércitos nacionais pareciam irremediavelmente derrotados e/ou desorganizados, e as capitais à beira de cair nas mãos dos «rebeldes» que podiam ocupá-las em questão de dias ou semanas. A chamada comunidade internacional achou que devia impedi-lo pela força antes de passar à segunda fase – política – de resolução do conflito, o velho dilema entre optar pelas armas ou a mesa de negociações.