Praia vota em que proposta?

Seguramente naquela que traga algo de novo para prover mais emprego e mais segurança neste que é o concelho, a nível do país, com maior índice de desemprego e de criminalidade / insegurança derivada, em boa parte, dessa situação social.

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A Semana

Que medidas esperávamos, nós na Praia, em Santiago, para, de facto, se combater esse índice excessivo de desemprego na Praia?

1.Instalar condições em termos de formação marítima, portuária e de pesca de forma a potenciar emprego neste que é hoje considerado o sector que interpreta o desígnio nacional de desenvolvimento. Por conseguinte a ilha que estiver fora desse contexto estará arredada do desenvolvimento e... do emprego.

Tendo em conta o estado ainda muito precário desse sector a vários níveis e que vem causando insegurança no mar com perdas de vidas e bens no mar, insatisfação de operadores - em relação à quantidade e qualidade de serviços existentes com avultados investimentos correntes e para o futuro - e cientes que (há)essas falhas e as que têm a ver com o ainda insuficiente volume de investimentos para acompanhar a dinâmica da Praia e da ilha, julgamos imprescindíveis as seguintes intervenções que os jovens e operadores económicos e forças vivas do concelho devem lutar por ver nas propostas de programa de Governo após as eleições de Março corrente:

a) Indústria portuária:

- Aquisição de rebocadores via cooperação holandesa (que disponibilizou, para o efeito, financiamento parcial via Programa ORIO) ou incorporação, no caderno de encargos, no quadro de privatizações das operações portuárias em curso;

- Infraestruturação do terminal de cabotagem incluindo mais rampas roll-on-roll-off, cais de cabotagem livre da parte de pescas, gare de passageiros adequada e funcional e terminal de cargas gerida por um gestor transitário;

- Instalação da Administração Autónoma do Porto da Praia e alocar a concessão das operações portuária a essa administração/gestão. Desse modo teríamos um figurino existente em toda a parte do mundo e que asseguraria que os interesses de desenvolvimento do porto estariam em primeiro plano e os investidores tipo Turcos e Bolloró não fossem corridos do país por não seguirem o sistema existente orientado para uma ilha só e um só porto para o chamado cluster do mar!

b) Marinha e pescas:

- Instalar o Centro Pró-Mar de formação de pessoal para a marinha de comércio, pescas, portos e gestão costeira. Não aceitamos que o upgrade da instituição do mar numa outra ilha venha resolver o que nunca resolveu, ou se quis resolver, em termos de formar vasto contingente de jovens e operadores em várias ilhas (particularmente ao sul incluindo Santiago) e assim instalar conhecimentos do mar na região, capacitar para emprego, trazer rendimentos para as famílias (no interior das ilhas e nas periferias das nossas cidades) e para o país (há uma vasta procura lá fora de marítimos CV) em escala que de facto faça a diferença paras as ilhas e para as pessoas. Com essa formação mais próxima e menos custosa, resolvemos o problema dos operadores /instituições que investem nas ilhas para acompanhar a boa dinâmica ilha, mas não tem pessoal formado para a suportar nos domínios do pessoal a bordo de embarcações de pesca, dos navios de comércio, operadores do sector marítimo portuário e das pescas da gestão costeira, da segurança marítima, enfim tudo o que diz respeito ao mar.

Por outro lado essa instituição na Praia beneficiaria, em pé de igualdade, do Programa de Luxemburgo que financiará a formação de 4 mil marítimos proximamente, pelo que seria injusto que as ilhas e a sua gente não beneficiassem de forma igualitária/proporcional dessa capacitação para o emprego!

Digo sempre: as Filipinas têm 66 escolas de formação marítima; CV deve ter pelo menos duas, uma ao norte e outra ao sul como foi sempre feito em relação a quase tudo neste país! Porque não a descentralização também neste sector!!!???

- Arrancar com o complexo de pesca em S.Martinho ou na parte norte da Praia que inclui o cais, o estaleiro (já com estudo pronto, mas para o qual nunca mais se activa o financiamento!), instalação de frio e mercados primário e a retalho do pescado. Deste modo se resolveriam, com um projecto sustentável a todos os níveis, quase todos os problemas de pesca a nível regional sul e libertaríamos o cais de pesca para o terminal de cabotagem;

- Reabilitar urgentemente o complexo de frio no cais da Praia, de modo a viabilizar o seu arrendamento e funcionamento por parte de operadores privados, vencendo desta vez os contras de costume;

- Instalar, na Praia, a Direcção Regional da Agência Marítima e Portuária (a sede está em S.Vicente) com departamentos e meios para satisfazer toda a demanda em Sotavento em relação aos serviços de uma administração e reguladora marítima e portuária. Na região situa-se a maior demanda do país em relação às pescas, à área costeira, ao maior porto de carga, à formação marítima, aos serviços marítimos e portuários! Tem sido doloroso para operadores, e não só, terem que se dirigir a outra ilha para tratar de quase tudo nesse sector incluindo pescas, gestão costeira, exames e papelada marítima, registo de navios, etc. Deve instalar-se também aqui a actividade de registo de navios como em muitos países e arquipélagos, e tudo o que se demanda nesse sector para a descentralização regionalização que todos almejamos para breve para o país no seu todo;

- Todos os investimentos previstos na orla marítima (David Chow, Santiago Resort, Aqua Maio), linha marítima para a África centrada aqui, plataformas de negócio do Brasil e da China para a África também aqui centradas, justificam uma administração marítima presente e actuante!

- Promover a associação do shipping em Santiago. Isso já se justifica porque este sector tem conhecido um relativamente robusto crescimento em Santiago, aliado ao facto de a ilha ter o maior porto de país em termos de carga e, portanto, uma da maiores economias de mar a nível nacional;

- Estruturar uma comissão interministerial para assuntos do mar e criar estruturas regionais para propor, e acompanhar junto de privados, programas de desenvolvimento do mar para todas as ilhas com potencial; Propomos, por conseguinte, a reforma do mar com todos e não uma equipa e um programa que, como disse o outro, (seria) “para resolver o problema de uma ilha só”. Não votaremos isso jamais aqui Praia!

Com esse programa na Praia e um pouco para o sul do país, votaremos e contribuiremos para medidas que de facto criarão emprego no concelho da Praia e não só.

2. Noutros segmentos, realçaria os seguintes empreendimentos já referenciados pelas autoridades para a criação de emprego:

a) A instalação do centro de convenções para as grandes exposições regionais e internacionais, conferência e eventos / concertos musicais de grande porte que trarão muito negócio para vários sectores de economia e muito emprego;

b) O parque industrial que, como em todos os países, contribuiria para oferecer facilidades de terreno, pavilhões, electricidade, água para instalações de indústria estratégica (em termos ambiental e emprego decente) desde que tenha uma gestão adequada de incentivo e atracção / fixação de empresas que forneceriam milhares de empregos para os locais;

c) Escuso-me de adiantar outros projectos e actividades que o estatuto especial da Praia e a cidade administrativa trariam e combateriam o desemprego na Praia., (onde só) não foi efectivada a cidade administrativa por causa de sacanagem de uns e cobardia de outros, pois não havia situações de dívida e de concentração de infraestruturas na capital que não podiam ser resolvidas no quadro de redefinição dessa potencial dívida e da construção / desconcentração de edifícios de administração nas ilhas no quadro do desejado processo irreversível de regionalização e descentralização do país!

Repito o apelo: votemos sim mas na proposta que combina connosco! O centro de formação Pró-Mar, o complexo de pesca, o centro de convenção e o parque industrial é que fariam a diferença de emprego para a Praia! A Praia rejubila-se com o feito, mas só pode vencer o desafio de desemprego e insegurança com um programa apropriadamente intenso de projectos, actividades e crescimento a que em parte nos referimos acima.

* - José Jorge Costa Pina é mestre em Gestão de Transporte Marítimo e cidadão cabo-verdiano

Fonte: http://www.asemana.publ.cv/spip.php?article117067&ak=1