Governo de Zâmbia fecha jornal independente de oposição e prende seus editores
O jornal independente The Post foi fechado pelo governo da Zâmbia a cerca de um mês das eleições presidenciais do país africano. Os editores da publicação foram presos, sob acusação de não pagamento de impostos. Organizações sociais internacionais denunciam perseguição política e atentado à liberdade de imprensa.
No último dia 21, a agência tributária do país, a Autoridade Fiscal de Zâmbia, fechou a redação localizada na capital, Lusaka, argumentando uma dívida de 6 milhões de dólares em impostos. Uma semana depois, frente à continuidade da divulgação dos conteúdos jornalísticos, o diretor, Fred M’membe, a sua esposa, Mutinta, e o editor-chefe de The Post, Joseph Mwenda, foram presos pela polícia.
En entrevista a The Dawn, Fred M’membe afirmou que os jornalistas trabalham em um “ambiente dominado pela ideologia capitalista e a corrupção, e o abuso que isso implica. Uma visão independente não é fácil. Pagamos o preço. temos feito isso e o vamos continuar fazendo”. De acordo com as denúncias, o fechamento de The Post se soma às medidas empreendidas pelo governo para calar a oposição.
As denúncias pelo fechamento do veículo de comunicação indicam que a ação está ligada à proximidade das próximas eleições gerais da nação, que ocorre no dia 11 de agosto. Segundo o diretor de Amnistia Internacional para a África Austral, Deprose Muchena,"O fechamento do jornal The Post é um desenvolvimento preocupante claramente concebida para silenciar as vozes críticas da mídia”.
O último informe lançado pela organização de defesa da liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras indicou que Zâmbia se encontra no posto 114, dos 180 países que integram o índice de liberdade de imprensa.
Com 25 anos de circulação, The Post é um dos poucos jornais independentes em Zâmbia, que além de ter denunciado casos de corrupção no atual governo, tem se manifestado como um veículo de comunicação de esquerda e fortemente vinculado ao Congresso Pan-africano, que articula movimentos populares e sindicais do continente.
*Edição: Vivian Fernandes