Havelange lançou-se ao mar para difundir o futebol pelo mundo, tendo uma montanha de dinheiro como horizonte
Estão previstas para esta sexta-feira (26) as eleições na FIFA. Esta não é uma eleição qualquer. Está em jogo o que a FIFA quer ser quando crescer.
Se quer continuar a ser esta entidade corrupta, construída a quatro mãos por João Havelange e Joseph Blatter, ou se quer buscar um caminho de transparência e democratização do futebol no mundo.
Em 1974, quando Havelange substituiu o inglês Stanley Rous, percebeu que havia continentes onde o futebol ainda não havia desbravado. Como um navegador de potências colonizadoras, lançou-se ao mar para difundir o futebol pelo mundo, tendo uma montanha de dinheiro como horizonte.
Transformou a Copa do Mundo em um mero negócio, um condutor de barganhas. Subsidiou o futebol na Ásia e na África, de olho nos inúmeros votos que isso lhe daria dali por diante. Não à toa, permaneceu por 24 anos à frente da entidade. Só caiu diante de sua própria obra, Joseph Blatter.
Em 1998, Blatter se colocou “à disposição” para assumir a presidência, pelas costas de Havelange.
Deu no que deu. Hoje, tanto um como o outro estão praticamente escondidos. E seus asseclas, em sua maioria, presos ou procurados pela justiça dos EUA.
Criaram um sistema que se protege.
O príncipe da Jordânia, Ali Bin Al-Hussein, quer voto aberto, o que a FIFA obviamente negou. O único candidato, aparentemente comprometido com mudanças importantes na entidade, é o francês Jérôme Champagne. Não surpreende que ambos corram por fora na disputa.
Gianni Infantino, apoiado pela UEFA de Platini, e Salman Al-Khalifa, pela Confederação Asiática, são os favoritos. Tokyo Sexwale completa a lista de quem quer filar uma boia na entidade.
A tarefa será tocar reformas que, a princípio, são como as que a CBF quer fazer. De faz de conta.
*Bruno Porpetta é colunista do Brasil de Fato RJ.
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