Não entrego a ninguém o sonho da dignidade humana”, entrevista a Carlos Moore

A sua posição política foi também marcada pela questão racial.

Quando alcançou o poder, em 1959, a pequena-burguesia hispano-cubana negou-se a partilhá-lo com a maioria negra, e serviu-se do marxismo-leninismo da Revolução para camuflar a dominação racial e de classes. Nessa altura, entre 35 a 45% da população era negra. Quatro anos depois, quando Fidel Castro propõe a reforma agrária e outras medidas, a situação inverte-se – cerca de 20% da população branca entra em ruptura com o regime e foge e de repente o regime encara uma maioria negra, com a qual não contava, e que começa a temer. Inicia então uma repressão brutal contra intelectuais negros que alertavam para o grave problema racial que o país vivia, como o historiador e etnólogo Walterio Carbonell. O regime rejeitou continuamente essas chamadas de atenção, dizendo que vivíamos numa democracia racial, o que era mentira.